Por Anderson Cássio de Oliveira
Lopes
1
'Stamos em pleno mar... Doudo no
espaço
Brinca o luar — dourada
borboleta;
E as vagas após ele correm...
cansam
Como turba de infantes
inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do
firmamento
Os astros saltam como espumas de
ouro...
O mar em troca acende as
ardentias,
— Constelações do líquido
tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois
infinitos
Ali se estreitam num abraço
insano,
Azuis, dourados, plácidos,
sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o
oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo
as velas
Ao quente arfar das virações
marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos
mares,
Como roçam na vaga as
andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das
naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande
o espaço?
Neste saara os corcéis o pó
levantam,
Galopam, voam, mas não deixam
traço.
Bem feliz quem ali pode
nest'hora
Sentir deste painel a
majestade!
Embaixo — o mar em cima — o
firmamento...
E no mar e no céu — a
imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a
brisa!
Que música suave ao longe
soa!
Meu Deus! como é sublime um canto
ardente
Pelas vagas sem fim boiando à
toa!
Homens do mar! ó rudes
marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro
mundos!
Crianças que a procela
acalentara
No berço destes pélagos
profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu
beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge
pela proa,
E o vento, que nas cordas
assobia...
..........................................................
Por que foges assim, barco
ligeiro?
Por que foges do pávido
poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a
esteira
Que semelha no mar — doudo
cometa!
Albatroz! Albatroz! águia
do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as
gazas,
Sacode as penas, Leviathan do
espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me
estas asas.
Na primeira parte de O
Navio Negreiro, os versos são decassílabos e, para manter a regularidade
métrica, o autor serve-se, dentre outros recursos poéticos, da aférise,
presente na palavra ‘Stamos. A estrofação é regular –
isostrófico –, constituindo-se de onze quartetos. No que se refere às
rimas, alternam-se versos brancos com rimas cruzadas, ressaltando dois casos de
rimas heterofônicas (borboleta x inquieta, na primeira
estrofe, e poeta x cometa, na décima). Observa-se
ainda o constante emprego da figura retórica denominada Prosopopéia, que
consiste na atribuição de características humanas a animais ou serem
inanimados, como, por exemplo, ocorre no verso Ali se estreitam num abraço
insano, referindo-se ao céu e ao oceano.
Quanto ao conteúdo, degusta-se
uma agradável e ricamente metafórica descrição poética do mar e do céu,
ressaltando a sua majestosa amplidão e o abraço simbólico desses infinitos. Há
uma vaga menção a um navio e a marinheiros, sempre em tom favorável e ameno,
até que, nos dois quartetos finais, o “eu” poemático intriga-se com a fuga do
barco e pede asas ao albatroz, ave que também pode ser tomada como símbolo do
Condoreirismo, como ficou conhecida a terceira geração do romantismo
brasileiro, menos egocêntrica e mais voltada para a problemática social. Com
essas asas, o poeta, como a ave, poderia voar alto e enxergar longe – e assim
descobrir por que razão o navio tentava escapar.
Vale registrar ainda que a ideia
de navio em fuga é o primeiro indício do tema central a ser desenvolvido no
poema, pois desde a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, o tráfico de escravos
estava proibido e, portanto, os navios que o praticavam deviam fugir a qualquer
olhar fiscalizador.
2
Que importa do nauta o
berço,
Donde é filho, qual seu
lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é
divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de
Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se
achou,
(Porque a Inglaterra é um
navio,
Que Deus na Mancha
ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso,
histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
Aqui, os versos são heptassílabos
ou em redondilha maior. Mantém-se a isostrofia, compondo-se de quatro décimas
(estrofes de dez versos). O esquema de rimas, no entanto, apresenta-se de forma
bem mais complexa, havendo rimas alternadas, paralelas e contrapostas, no
sistema “ababccdffd”. Na primeira estrofe, flagra-se ainda a presença de rimas
ricas, pois constituídas a partir de palavras de diferentes classes
gramaticais, a exemplo de veloz (adjetivo) e após (advérbio)
ou mezena (substantivo) e acena (verbo).
Nesta parte, o “eu” poemático,
mantendo o tom ameno do princípio do poema, inicia a declarar ser desimportante
a terra de origem do marinheiro, porquanto o que este ama deveras são os
ensinamentos do mar. Ainda assim, segue o narrador delineando as peculiaridades,
reais ou lendárias, dos marinheiros oriundos de países como Espanha, Itália,
Inglaterra, França e Grécia, para, por fim, asseverar que independentemente de
onde eles venham, todos sabem colher nas ondas as músicas celestiais.
Cumpre destacar ainda que, nesta
segunda parte de O Navio Negreiro, para justificar a condição de
marinheiros natos atribuída aos ingleses, o poeta, inspirado, forja uma bela e
original metáfora pela qual a Inglaterra é comparada a um barco ancorado no
Canal da Mancha. Alude também ao célebre almirante Nelson, notável pelos
triunfos navais contra as forças napoleônicas, e à batalha do Nilo, ocorrida na
baía de Aboukir, norte do Egito. Assim, o poema reverbera a hegemonia naval
britânica, inconteste notadamente nos séculos XIII e XIX, sem deixar de
mencionar outras nações que outrora exceleram na arte da navegação marítima.
3
Desce do espaço imenso, ó águia
do oceano!
Desce mais ... inda mais... não
pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue
voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro
d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas
figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu
Deus! Meu Deus! Que horror!
Esta breve terceira parte
compõe-se de apenas uma sextilha. Os versos são alexandrinos (dodecassílabos),
encerrando rimas geminadas e opostas, no esquema “aabccb”.
Aqui é retomada a cena da
primeira parte, com a diferença que, aproximando-se do navio fugitivo o olhar
do narrador, muda-se o tom da declamação, passando da amenidade ao espanto e à
repugnância, diante de algo medonho que é avistado.
4
Era um sonho dantesco... o
tombadilho
Que das luzernas avermelha o
brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de
açoite...
Legiões de homens negros como a
noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às
tetas
Magras crianças, cujas bocas
pretas
Rega o sangue das
mães:
Outras moças, mas nuas e
espantadas,
No turbilhão de espectros
arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica,
estridente...
E da ronda fantástica a
serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão
resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote
estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só
cadeia,
A multidão faminta
cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro
enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a
manobra,
E após fitando o céu que se
desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos
nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote,
marinheiros!
Fazei-os mais
dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica,
estridente. . .
E da ronda fantástica a
serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras
voam!...
Gritos, ais, maldições, preces
ressoam!
E ri-se Satanás!...
Na quarta parte, tem-se novamente
a isostrofia, com seis sextilhas simétricas, porém pela primeira vez no poema a
metrificação não é uniforme, verificando-se a presença da heterometria, com
quatro versos decassílabos a ostentar rimas paralelas e dois versos
hexassílabos a encerrar rimas contrapostas agudas ou oxítonas, no esquema
“aabccb”. De notar que a utilização da rima oxítona parece intensificar ainda
mais a exaltação do poeta.
No plano do conteúdo, aqui é
identificado o aludido navio, refarto de pessoas "negras como a
noite" transportadas de forma desumana, acorrentadas, a suportar toda
sorte de maus-tratos; são homens, mulheres, velhos, crianças cujos padecimentos
remetem aos suplícios do Inferno descrito por Dante em sua A Divina Comédia.
E o Satanás mencionado ao final tanto pode ser o próprio Demônio satisfeito com
aquela perversidade, quanto uma metáfora para designar o capitão do navio, que
no seu sadismo atroz, ordena aos marinheiros que recrudesça o açoitamento dos
míseros negros.
De notar que este
canto, como ademais todo o poema, não toca nem sequer a mais leve raiz
histórica, sociológica, político ou econômica do fenômeno da escravidão, mas
trata o tema como quem pinta, num quadro grandiloquente, uma cena pontual,
extremamente emocionais, armando aos sentimentos da compaixão aninhados no
peito do público. Marginaliza toda discussão em derredor de ideias e conceitos
mais racionais, a fim de dar vazão a um alúvio de imagens emotivas carregadas
de dramaticidade. Assim explora a forte imagem de “sonho dantesco”, ou seja, de
um pesadelo terrível do qual os escravos não podem escapar simplesmente
acordando, como sói ocorrer às pessoas comuns eventualmente imersas em um sonho
infernal – para as “legiões de homens negros como a noite” era impossível acordar.
Também há uma irônica menção à dança, que costumamos associar com alegria e
diversão, beleza e aprumo, mas aqui é uma dança horrível, sinistra, pois não é
incitada pela música de instrumentistas virtuosos, senão pelo “estalar do
açoite”; não é embalada por uma orquestra clássica, repleta de violinistas,
senão por uma medonha orquestra “irônica, estridente”, repleta de açoitadores.
Sacando partido do formato sinuoso do chicote, o poeta faz apelo à metáfora da
serpente, símbolo bíblico e milenar de tudo quanto é traiçoeiro, perverso,
malvado, para assim intensificar o sadismo macabro dos chicoteadores, a
desumanidade dos que transportavam escravos nos navios negreiros
5
Senhor Deus dos
desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os
céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este
borrão?...
Astros! noites!
tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da
turba
Que excita a fúria do
algoz?
Quem são? Se a
estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres
mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes,
bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. .
.
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe
vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos
braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do
monte,
... Adeus, palmeiras da
fonte!...
... Adeus, amores...
adeus!...
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a
sede...
Ai! quanto infeliz que
cede,
E cai p'ra não mais
s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro,
fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao
mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer.
.
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente
—
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute...
Irrisão!...
Senhor Deus dos
desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os
céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites!
tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
Aqui é retomada a estrofação da
segunda parte, ampliada entretanto para nove décimas, retomando-se também a
isometria em redondilha maior. Repete-se, igualmente, o esquema de rimas
“ababccdffd”. Para sustentar a isometria, o poeta faz uso da síncope, como em cúm’lo,
na penúltima décima. De salientar, apenas, a ausência esporádica de rimas,
sendo brancos o primeiro e o terceiro versos da primeira, segunda e nona
estrofes.
Nesta quinta parte, o “eu”
poemático atinge os píncaros da exaltação e de modo reiterado clama e lança
apóstrofes apaixonada e grandiloquentemente a Deus, ao mar, a tempestades, a
tufões e a outras entidades naturais ou sobrenaturais – que tomem alguma providência,
que se não permita mais que fatos tão horrorosos e degradantes da condição
humana ainda ocorram perante o céu. Entre esses clamores, vai vislumbrando a
vida pregressa dos pobres escravos em sua África natal, onde corriam livres,
dormiam sem preocupações, caçavam animais selvagens, levavam a vida como lhes
aprazia, até serem capturados à força e verem-se compelidos a dar adeus ao seu
mundo, fazendo penosa jornada por terras agrestes até ao ponto de embarque.
Muitos sucumbiam já nessa jornada inicial e eram abandonados a animais
carniceiros. Após o embarque – segue denunciando o poeta – eram atirados nos
insalubres porões de navios negreiros, no qual a maior parte dos cativos era
privada da existência e onde os sobreviventes mantinham-se em constante
sobressalto com o barulho dos corpos atirados ao mar.
Há ainda, para encarecer os
versos, a alusão à passagem bíblica que narra os padecimentos de Agar e seu
filho Ismael, vagando no deserto após serem expulsos por Abraão.
6
Existe um povo que a bandeira
empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e
cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa
festa
Em manto impuro de bacante
fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que
bandeira é esta,
Que impudente na gávea
tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e
chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu
pranto! ...
Auriverde pendão de minha
terra,
Que a brisa do Brasil beija e
balança,
Estandarte que a luz do sol
encerra
E as promessas divinas da
esperança...
Tu que, da liberdade após a
guerra,
Foste hasteado dos heróis na
lança
Antes te houvessem roto na
batalha,
Que servires a um povo de
mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente
esmaga!
Extingue nesta hora o brigue
imundo
O trilho que Colombo abriu nas
vagas,
Como um íris no pélago
profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da
etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo
Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos
ares!
Colombo! fecha a porta dos teus
mares!
No epílogo, vê-se uma vez mais a
preocupação formal do poeta com a regularidade métrica e estrófica. São três
oitavas vazadas em decassílabos rigorosamente rimados, no esquema “abababcc”,
em que há uma sequência de seis versos com rimas alternadas, encerrando-se com
dois em rimas geminadas. Neste mesmo clássico esquema, também chamado de
“oitava rima”, foram vazados todos os 8816 versos de Os Lusíadas,
de Camões.
Voltando aos magníficos versos
acima, vale frisar a belíssima aliteração em “b” cravada no segundo verso da
segunda estrofe: Que a brisa do Brasil beija e balança.
Aqui, no plano semântico, o poeta
vai identificar o verdadeiro patrocinador do repugnante espetáculo revelado nas
duas partes anteriores – a nação que acoberta tal infâmia. Antiteticamente, com
os mais belos e inspirados versos já destinados ao lábaro brasileiro, amaldiçoa
a própria pátria, que promove a escravidão, pátria representada no poema pela
bandeira, e, ao amaldiçoá-la, assevera que teria sido melhor a destruição dessa
bandeira na guerra (provável alusão à Guerra do Paraguai, que acabara pouco
antes, saindo-se o Brasil vencedor), que o seu uso para cobrir a ignomínia da
escravidão. No final, conclama a Andrada (o patriarca da independência do
Brasil) e Colombo (o descobridor da América) para que o primeiro arranque esse
pendão dos ares e o segundo feche as portas dos seus mares...
Serve-se o poeta da função conativa da linguagem, através do modo verbal
imperativo, e assim apela aos heróis e vultos históricos que se ergam e ajam
contra essa situação intolerável, com a mesma força e vigor, paixão e
transportes d’alma, com os quais o poeta sublima em seus versos a defesa da
liberdade e guerreia a opressão de seres humanos.
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