sábado, 12 de agosto de 2017

O Navio Negreiro, de Antônio Frederico de Castro Alves – com sucinta análise estrutural e semântica

Por Anderson Cássio de Oliveira Lopes

1
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço 
Brinca o luar — dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta. 

'Stamos em pleno mar... Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
— Constelações do líquido tesouro... 

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos 
Ali se estreitam num abraço insano, 
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas... 

Donde vem? onde vai?  Das naus errantes 
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam,  
Galopam, voam, mas não deixam traço. 

Bem feliz quem ali pode nest'hora 
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... 
E no mar e no céu — a imensidade! 

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! 
Que música suave ao longe soa! 
Meu Deus! como é sublime um canto ardente 
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 

Homens do mar! ó rudes marinheiros, 
Tostados pelo sol dos quatro mundos! 
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos! 

Esperai! esperai! deixai que eu beba 
Esta selvagem, livre poesia 
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, 
E o vento, que nas cordas assobia... 
.......................................................... 

Por que foges assim, barco ligeiro? 
Por que foges do pávido poeta? 
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar — doudo cometa! 

Albatroz!  Albatroz! águia do oceano, 
Tu que dormes das nuvens entre as gazas, 
Sacode as penas, Leviathan do espaço, 
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas.

Na primeira parte de O Navio Negreiro, os versos são decassílabos e, para manter a regularidade métrica, o autor serve-se, dentre outros recursos poéticos, da aférise, presente na palavra ‘Stamos. A estrofação é regular – isostrófico  –, constituindo-se de onze quartetos. No que se refere às rimas, alternam-se versos brancos com rimas cruzadas, ressaltando dois casos de rimas heterofônicas (borboleta x inquieta, na primeira estrofe, e poeta x cometa, na décima). Observa-se ainda o constante emprego da figura retórica denominada Prosopopéia, que consiste na atribuição de características humanas a animais ou serem inanimados, como, por exemplo, ocorre no verso Ali se estreitam num abraço insano, referindo-se ao céu e ao oceano.
Quanto ao conteúdo, degusta-se uma agradável e ricamente metafórica descrição poética do mar e do céu, ressaltando a sua majestosa amplidão e o abraço simbólico desses infinitos. Há uma vaga menção a um navio e a marinheiros, sempre em tom favorável e ameno, até que, nos dois quartetos finais, o “eu” poemático intriga-se com a fuga do barco e pede asas ao albatroz, ave que também pode ser tomada como símbolo do Condoreirismo, como ficou conhecida a terceira geração do romantismo brasileiro, menos egocêntrica e mais voltada para a problemática social. Com essas asas, o poeta, como a ave, poderia voar alto e enxergar longe – e assim descobrir por que razão o navio tentava escapar.
Vale registrar ainda que a ideia de navio em fuga é o primeiro indício do tema central a ser desenvolvido no poema, pois desde a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, o tráfico de escravos estava proibido e, portanto, os navios que o praticavam deviam fugir a qualquer olhar fiscalizador.


2
Que importa do nauta o berço, 
Donde é filho, qual seu lar? 
Ama a cadência do verso 
Que lhe ensina o velho mar! 
Cantai! que a morte é divina! 
Resvala o brigue à bolina 
Como golfinho veloz. 
Presa ao mastro da mezena 
Saudosa bandeira acena 
As vagas que deixa após. 

Do Espanhol as cantilenas 
Requebradas de langor, 
Lembram as moças morenas, 
As andaluzas em flor! 
Da Itália o filho indolente 
Canta Veneza dormente, 
— Terra de amor e traição, 
Ou do golfo no regaço 
Relembra os versos de Tasso, 
Junto às lavas do vulcão! 

O Inglês — marinheiro frio, 
Que ao nascer no mar se achou, 
(Porque a Inglaterra é um navio, 
Que Deus na Mancha ancorou), 
Rijo entoa pátrias glórias, 
Lembrando, orgulhoso, histórias 
De Nelson e de Aboukir.. . 
O Francês — predestinado — 
Canta os louros do passado 
E os loureiros do porvir! 

Os marinheiros Helenos, 
Que a vaga jônia criou, 
Belos piratas morenos 
Do mar que Ulisses cortou, 
Homens que Fídias talhara, 
Vão cantando em noite clara 
Versos que Homero gemeu ... 
Nautas de todas as plagas, 
Vós sabeis achar nas vagas 
As melodias do céu! ... 

Aqui, os versos são heptassílabos ou em redondilha maior. Mantém-se a isostrofia, compondo-se de quatro décimas (estrofes de dez versos). O esquema de rimas, no entanto, apresenta-se de forma bem mais complexa, havendo rimas alternadas, paralelas e contrapostas, no sistema “ababccdffd”. Na primeira estrofe, flagra-se ainda a presença de rimas ricas, pois constituídas a partir de palavras de diferentes classes gramaticais, a exemplo de veloz (adjetivo) e após (advérbio) ou mezena (substantivo) e acena (verbo).
Nesta parte, o “eu” poemático, mantendo o tom ameno do princípio do poema, inicia a declarar ser desimportante a terra de origem do marinheiro, porquanto o que este ama deveras são os ensinamentos do mar. Ainda assim, segue o narrador delineando as peculiaridades, reais ou lendárias, dos marinheiros oriundos de países como Espanha, Itália, Inglaterra, França e Grécia, para, por fim, asseverar que independentemente de onde eles venham, todos sabem colher nas ondas as músicas celestiais.
Cumpre destacar ainda que, nesta segunda parte de O Navio Negreiro, para justificar a condição de marinheiros natos atribuída aos ingleses, o poeta, inspirado, forja uma bela e original metáfora pela qual a Inglaterra é comparada a um barco ancorado no Canal da Mancha. Alude também ao célebre almirante Nelson, notável pelos triunfos navais contra as forças napoleônicas, e à batalha do Nilo, ocorrida na baía de Aboukir, norte do Egito. Assim, o poema reverbera a hegemonia naval britânica, inconteste notadamente nos séculos XIII e XIX, sem deixar de mencionar outras nações que outrora exceleram na arte da navegação marítima.


3
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! 
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano 
Como o teu mergulhar no brigue voador! 
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! 
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... 
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror! 

Esta breve terceira parte compõe-se de apenas uma sextilha. Os versos são alexandrinos (dodecassílabos), encerrando rimas geminadas e opostas, no esquema “aabccb”.
Aqui é retomada a cena da primeira parte, com a diferença que, aproximando-se do navio fugitivo o olhar do narrador, muda-se o tom da declamação, passando da amenidade ao espanto e à repugnância, diante de algo medonho que é avistado.


4
Era um sonho dantesco... o tombadilho  
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite...  
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, suspendendo às tetas  
Magras crianças, cujas bocas pretas  
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,  
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs! 

E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente  
Faz doudas espirais ... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala,  
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 

Presa nos elos de uma só cadeia,  
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece,  
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 

No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..." 

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 
E da ronda fantástica a serpente 
          Faz doudas espirais... 
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
          E ri-se Satanás!...  

Na quarta parte, tem-se novamente a isostrofia, com seis sextilhas simétricas, porém pela primeira vez no poema a metrificação não é uniforme, verificando-se a presença da heterometria, com quatro versos decassílabos a ostentar rimas paralelas e dois versos hexassílabos a encerrar rimas contrapostas agudas ou oxítonas, no esquema “aabccb”. De notar que a utilização da rima oxítona parece intensificar ainda mais a exaltação do poeta.
No plano do conteúdo, aqui é identificado o aludido navio, refarto de pessoas "negras como a noite" transportadas de forma desumana, acorrentadas, a suportar toda sorte de maus-tratos; são homens, mulheres, velhos, crianças cujos padecimentos remetem aos suplícios do Inferno descrito por Dante em sua A Divina Comédia. E o Satanás mencionado ao final tanto pode ser o próprio Demônio satisfeito com aquela perversidade, quanto uma metáfora para designar o capitão do navio, que no seu sadismo atroz, ordena aos marinheiros que recrudesça o açoitamento dos míseros negros.
De notar que este canto, como ademais todo o poema, não toca nem sequer a mais leve raiz histórica, sociológica, político ou econômica do fenômeno da escravidão, mas trata o tema como quem pinta, num quadro grandiloquente, uma cena pontual, extremamente emocionais, armando aos sentimentos da compaixão aninhados no peito do público. Marginaliza toda discussão em derredor de ideias e conceitos mais racionais, a fim de dar vazão a um alúvio de imagens emotivas carregadas de dramaticidade. Assim explora a forte imagem de “sonho dantesco”, ou seja, de um pesadelo terrível do qual os escravos não podem escapar simplesmente acordando, como sói ocorrer às pessoas comuns eventualmente imersas em um sonho infernal – para as “legiões de homens negros como a noite” era impossível acordar. Também há uma irônica menção à dança, que costumamos associar com alegria e diversão, beleza e aprumo, mas aqui é uma dança horrível, sinistra, pois não é incitada pela música de instrumentistas virtuosos, senão pelo “estalar do açoite”; não é embalada por uma orquestra clássica, repleta de violinistas, senão por uma medonha orquestra “irônica, estridente”, repleta de açoitadores. Sacando partido do formato sinuoso do chicote, o poeta faz apelo à metáfora da serpente, símbolo bíblico e milenar de tudo quanto é traiçoeiro, perverso, malvado, para assim intensificar o sadismo macabro dos chicoteadores, a desumanidade dos que transportavam escravos nos navios negreiros


5
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! 

Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são?   Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!... 

São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. 
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 

São mulheres desgraçadas, 
Como Agar o foi também. 
Que sedentas, alquebradas, 
De longe... bem longe vêm... 
Trazendo com tíbios passos, 
Filhos e algemas nos braços, 
N'alma — lágrimas e fel... 
Como Agar sofrendo tanto, 
Que nem o leite de pranto 
Têm que dar para Ismael. 

Lá nas areias infindas, 
Das palmeiras no país, 
Nasceram crianças lindas, 
Viveram moças gentis... 
Passa um dia a caravana, 
Quando a virgem na cabana 
Cisma da noite nos véus ... 
... Adeus, ó choça do monte, 
... Adeus, palmeiras da fonte!... 
... Adeus, amores... adeus!... 

Depois, o areal extenso... 
Depois, o oceano de pó. 
Depois no horizonte imenso 
Desertos... desertos só... 
E a fome, o cansaço, a sede... 
Ai! quanto infeliz que cede, 
E cai p'ra não mais s'erguer!... 
Vaga um lugar na cadeia, 
Mas o chacal sobre a areia 
Acha um corpo que roer. 

Ontem a Serra Leoa, 
A guerra, a caça ao leão, 
O sono dormido à toa 
Sob as tendas d'amplidão! 
Hoje... o porão negro, fundo, 
Infecto, apertado, imundo, 
Tendo a peste por jaguar... 
E o sono sempre cortado 
Pelo arranco de um finado, 
E o baque de um corpo ao mar... 

Ontem plena liberdade, 
A vontade por poder... 
Hoje... cúm'lo de maldade, 
Nem são livres p'ra morrer. . 
Prende-os a mesma corrente 
— Férrea, lúgubre serpente — 
Nas roscas da escravidão. 
E assim zombando da morte, 
Dança a lúgubre coorte 
Ao som do açoute... Irrisão!... 

Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus, 
Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus?!... 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
Do teu manto este borrão? 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! ... 

Aqui é retomada a estrofação da segunda parte, ampliada entretanto para nove décimas, retomando-se também a isometria em redondilha maior. Repete-se, igualmente, o esquema de rimas “ababccdffd”. Para sustentar a isometria, o poeta faz uso da síncope, como em cúm’lo, na penúltima décima. De salientar, apenas, a ausência esporádica de rimas, sendo brancos o primeiro e o terceiro versos da primeira, segunda e nona estrofes.
Nesta quinta parte, o “eu” poemático atinge os píncaros da exaltação e de modo reiterado clama e lança apóstrofes apaixonada e grandiloquentemente a Deus, ao mar, a tempestades, a tufões e a outras entidades naturais ou sobrenaturais – que tomem alguma providência, que se não permita mais que fatos tão horrorosos e degradantes da condição humana ainda ocorram perante o céu. Entre esses clamores, vai vislumbrando a vida pregressa dos pobres escravos em sua África natal, onde corriam livres, dormiam sem preocupações, caçavam animais selvagens, levavam a vida como lhes aprazia, até serem capturados à força e verem-se compelidos a dar adeus ao seu mundo, fazendo penosa jornada por terras agrestes até ao ponto de embarque. Muitos sucumbiam já nessa jornada inicial e eram abandonados a animais carniceiros. Após o embarque – segue denunciando o poeta – eram atirados nos insalubres porões de navios negreiros, no qual a maior parte dos cativos era privada da existência e onde os sobreviventes mantinham-se em constante sobressalto com o barulho dos corpos atirados ao mar.
Há ainda, para encarecer os versos, a alusão à passagem bíblica que narra os padecimentos de Agar e seu filho Ismael, vagando no deserto após serem expulsos por Abraão.


6
Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 

Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

No epílogo, vê-se uma vez mais a preocupação formal do poeta com a regularidade métrica e estrófica. São três oitavas vazadas em decassílabos rigorosamente rimados, no esquema “abababcc”, em que há uma sequência de seis versos com rimas alternadas, encerrando-se com dois em rimas geminadas. Neste mesmo clássico esquema, também chamado de “oitava rima”, foram vazados todos os 8816 versos de Os Lusíadas, de Camões.
Voltando aos magníficos versos acima, vale frisar a belíssima aliteração em “b” cravada no segundo verso da segunda estrofe: Que a brisa do Brasil beija e balança.
Aqui, no plano semântico, o poeta vai identificar o verdadeiro patrocinador do repugnante espetáculo revelado nas duas partes anteriores – a nação que acoberta tal infâmia. Antiteticamente, com os mais belos e inspirados versos já destinados ao lábaro brasileiro, amaldiçoa a própria pátria, que promove a escravidão, pátria representada no poema pela bandeira, e, ao amaldiçoá-la, assevera que teria sido melhor a destruição dessa bandeira na guerra (provável alusão à Guerra do Paraguai, que acabara pouco antes, saindo-se o Brasil vencedor), que o seu uso para cobrir a ignomínia da escravidão. No final, conclama a Andrada (o patriarca da independência do Brasil) e Colombo (o descobridor da América) para que o primeiro arranque esse pendão dos ares e o segundo feche as portas dos seus mares... Serve-se o poeta da função conativa da linguagem, através do modo verbal imperativo, e assim apela aos heróis e vultos históricos que se ergam e ajam contra essa situação intolerável, com a mesma força e vigor, paixão e transportes d’alma, com os quais o poeta sublima em seus versos a defesa da liberdade e guerreia a opressão de seres humanos.


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